29 de outubro de 2014

Waking Sleeping Beauty

Vivemos tempos difíceis em que os computadores parecem fazer arte sozinhos e em que os filmes mais populares são animados diante de um pc. Apesar de serem terrivelmente bem sucedidos, não me identifico minimamente com aquelas imagens para ver mas de uma hora de filme.

A maioria das pessoas da minha geração cresceu com aquilo a que se veio a designar de "Renascença da Disney".




Muitas vezes, pensei como seria estar nos estúdios da Disney, nos tempos em que se produziram os seus melhores filmes. Para alguém como eu, que (num dia bom) desenha figuras lineares, os filmes animados da Disney são, de facto, Arte. O documentário "Waking Sleeping Beauty", realizado por Don Hahn (produtor do "Rei Leão") e protagonizado pelos intervenientes daquelas duas loucas décadas de 80 e 90 conta a história desta "Renascença". 


No final dos anos 70, os filmes animados ainda estavam sob supervisão da equipa de animadores dos anos 40, a quem Walt Disney designava de "Nine Old Men". Apesar do seu talento, os filmes eram medíocres e o estúdio estava moribundo. Estes artistas estavam a treinar a nova geração que os iria substituir nas décadas que se seguiriam.  



Quando Michael Eisner e Frank Wells tomaram as rédeas da lendária empresa, a maioria dos artistas ficou expectante com o futuro da empresa e, sobretudo, com o futuro da animação em 2-D. O total fracasso de um filme chamado "The Black Cauldron" foi o projecto que fez a empresa 'bater no fundo'. isso e o facto de os animadores terem sido expulsos do estúdio de animação por um presidente ansioso por encher o edifício com estrelas de verdade.



Terá sido este momento que despoletou um dos artistas de revolucionarem a animação dos estúdios Disney? O ambiente entre os artistas modificou-se de forma radical e a qualidade dos filmes iniciou uma curva ascendente com "The Great Mouse Detective", "Who Framed Roger Rabbit" e "Oliver & Company".



O primeiro de todos os mega-sucessos dos anos 80, foi "The Little Mermaid". Neste filme, também se estrearam o compositor Alan Menken e o letrista Howard Ashman – o dueto que compôs as músicas da nossa infância. O filme tem histórias famosas como aquela em que o presidente do estúdio, Jeffrey Katzenberg, (o produtor de sucessos como "Good Morning, Vietnam" e "Dead Poets Society") decidiu que 'Part of Your World' seria retirada do filme foi ser uma canção "aborrecida" e abrandar a ritmo do filme… Ainda bem que isso nunca aconteceu!


"Beauty and the Beast" também teve os seus problemas, mas acabou por ser o filme mais bem sucedido do seu tempo, com conquistas nos Globos de Ouro e até uma nomeação para o Óscar de melhor filme de 1991. Infelizmente, esse foi também o ano em que todos perdemos o génio que era Howard Ashman… 

"Aladdin" foi um retumbante sucesso de bilheteira – 217 milhões de dólares só nos Estados Unidos. Era um filme muito diferente dos anteriores, que continha mais comédia e piadas visuais e, claro, a participação de Robin Williams, que improvisou várias das suas deixas, como o Génio só ajudou. O filme teve sequelas e spin-offs.

"The Lion King" foi o mais grandioso de todos os filmes, arrecadando 40.900 mil dólares só de começo. Sim, o filmezinho que ninguém queria fazer tornou-se o maior filme da Disney da década de 90. Grande parte do sucesso da película deve-se ao Bardo, pelo seu Hamlet

Porque é que o ciclo de mega-sucessos terminou aqui? Bem, há várias hipóteses possíveis, mas a que o documentário avança é que a 'tempestade perfeita' que criou este ambiente e que fomentou estes clássicos da "Renascença" se transformou numa tempestade de egos descontrolada, reflectindo-se nos filmes que se seguiram ao "Rei Leão". 

Este é um documentário fabuloso que não se limita a uns camaradas de profissão que se juntam para se congratularem pelos seus sucessos passados, mas sim a um grupo de pessoas, sob a direcção de Don Hahn, que falam sem pudor sobre o passado dos estúdios de animação Disney e sobre o seu papel na "Renascença da Disney".

Vale a pena ver!


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